AS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E O PROTAGONISMO DAS MJC
Organizadoras: Irmãs: Leila Fouad Sader, Sonja Pureza de Castro Silva e Tereza de Jesus Muniz
A igreja Católica em sua trajetória esteve sempre sensível à questão social: cuidado com os mais pobres e marginalizados, luta por igualdade de direitos e oportunidades. Na América Latina, essa sensibilidade foi enfatizada com a opção pelos pobres feita pelas conferências dos Bispos em Medellín/Colômbia (1968), Puebla/México (1979), Aparecida-Brasil (2007) e em vários outros documentos.
As Missionárias de Jesus Crucificado, Congregação Religiosa nascida especialmente para a missão direita com a população mais carente, tem como eixo central de sua espiritualidade reconhecer Cristo no irmão e irmã que sofre.
Nossos fundadores, Dom Francisco de Campos Barreto e Madre Maria Villac, ao impulsionar o Carisma da Congregação “ir em busca dos mais necessitados”, preocupavam-se com a preparação das irmãs para a missão e, para isso, buscavam oportunizar formação sólida e atualizada em vista de uma missão consistente. Desejavam não apenas que suas filhas fossem caridosas e misericordiosas, mas que seu agir missionário levasse a uma transformação na vida das pessoas e nas comunidades onde atuavam.
Ao florescer o Serviço Social no Brasil, Madre Maria Villac e Monsenhor Macedo, orientador espiritual da Congregação, vislumbraram um caminho novo, que muito poderia contribuir na formação para a missão da Congregação. “Em 1948/49 Madre Maria Villac começa a refletir e põe todo seu empenho para fundar uma escola de serviço social em Campinas. Esta escola vai preparar as filhas missionárias com novas técnicas para a missão”, do livro Pedrinhas Para Mosaico, p. 84-85. Assim, em 1949, surgia, em Campinas (SP), o primeiro curso de serviço social, orientado pelas Missionárias de Jesus Crucificado. No decorrer de treze anos, outras escolas foram sendo fundadas pelo Brasil.
Os cursos de serviço social, desenvolvidos nestas escolas, colaboraram não apenas na formação de profissionais conscientes e competentes, como também na capacitação de lideranças locais e ação política junto a movimentos sociais, restabelecendo a dignidade
de vida a muitas pessoas.
Com muitas inovações para a época, as Irmãs não mediam sacrifícios para a concretização dos diversos projetos. Empenhando-se em responder aos anseios da sociedade, tinham postura avançada, promovendo debate aberto e pluralista. Destacamos a resistência ao sistema autoritário, durante o regime militar, e a luta pela democracia.
Ao repassar fatos e depoimentos desta linda trajetória, é motivo de júbilo o reconhecimento, feito por diversas pessoas e instituições, quanto à competência e ao testemunho evangélico das Irmãs que atuaram nas Escolas de Serviço Social, comprovando assim a integração que lograram entre a teoria/técnica e a vivência dos valores do Evangelho, entre a profissional e a religiosa.
Este trabalho é um estimulo para todas nós, Missionárias de Jesus Crucificado. Ajuda-nos a ressignificar nossa maneira de ser missionária diante dos gigantescos desafios do momento atual e, sobretudo, vem reafirmar nosso modo original de Mulheres Consagradas: “Discípulas de Jesus, hoje, na periferia do mundo a serviço e em defesa da vida”!