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Vocação para Toda Vida – Ir. Zélia Gomes, MJC

Durante a minha presença missionária na Amazônia peruana, de 2017 a 2019, escrevi este texto, onde vivenciei profundamente a razão do meu primeiro sim à vocação religiosa.

Viajando em uma jornada de quinze horas sobre o Rio Amazonas, escutando o CD “Vocação” de Pe. Zezinho (1974), comecei a refletir sobre a minha vocação desde o tempo de juventude. A missão na Amazônia peruana me conecta com o meu primeiro chamado à vocação religiosa, revivendo a experiência de dizer “SIM” como fiz aos vinte e um anos. Um “sim” que foi dado cheio de ilusão, entusiasmo e idealismo, “por causa de um certo reino”. O reino que buscava na minha juventude se faz clamor com ainda mais clareza nesta realidade. O reino está presente entre nós, mas é menor que um “grão de mostarda”, e necessita do anseio da juventude, capaz de entregar tudo, se arriscar, apostar, criar e lutar sem medo ou desânimo para que o reino cresça nessas águas, nesses povos: crianças, jovens, adultos, indígenas e ribeirinhos.

A vocação toma outra dimensão quando os anos vão passando. A ilusão da juventude é dosada pelo realismo da vida adulta; o entusiasmo é equilibrado pela alegria de fazer o que se pode; a entrega incondicional é guiada pelas condições de saúde, limitações físicas, cansaço e sentido de responsabilidade. Mas, não resta dúvida, que é uma GRAÇA chegar a essa etapa da vida com o mesmo sentido de resposta que tive quando jovem. Muitas pessoas descuidam do seu “SIM”, tornando-o morno e condicionado.

É difícil descrever o sentimento provocado pelo encontro entre a alegria da vocação e a dureza da missão, diante das injustiças, abusos, atropelos e carências da realidade, do povo e da Igreja. Como disse o Pe. Zezinho, “senti a dor do reino” ao chegar aqui. Trata-se de uma constante atitude de contemplação, meditação e escuta. O segredo para manter viva a vocação até o fim é não perder a capacidade de sentir a dor do povo; é esse sentir que nos conecta diariamente com a causa da nossa vocação.

E, como Pe. Zezinho, peço: “Dá-me essa graça de viver a todo instante a minha vocação”.

Ir. Zélia Gomes, MJC