A cada ano, milhões de pessoas são aprisionadas pela crueldade do tráfico humano. Seus corpos são vendidos, suas almas, escravizadas. Diante dessa realidade, o dia 30 de julho, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, é um grito de alerta que ecoa em nossos corações. Como Missionária de Jesus Crucificado e integrante da Rede Um Grito pela Vida em Porto Velho/RO do Regional da CRB (Conferência de Religiosos do Brasil), sinto a urgência de unir minha voz a essa causa.
O tráfico de pessoas não é apenas um crime, mas uma ferida aberta na humanidade. É a exploração de seres humanos para fins lucrativos, seja através da exploração sexual, do trabalho escravo ou da remoção de órgãos. Essa prática macabra viola a dignidade humana e desafia nossa fé. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esse tipo de atividade movimenta, anualmente, 32 bilhões de dólares em todo o mundo, dos quais 85% provêm da exploração sexual.
A Campanha Coração Azul, lançada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em 2013, nos convida a sermos agentes de mudança, a denunciar qualquer suspeita de tráfico e a apoiar as vítimas. A Igreja, fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, que se fez servo de todos, não pode se omitir diante desse sofrimento. As palavras de Jesus no Evangelho de Mt 25, 40, nos interpela: “Todas as vezes que fizerdes isso a um desses pequeninos, é a mim que o fazeis”, e impulsiona a agir com coragem e compaixão.
A luta contra o tráfico exige de nós um compromisso constante. É preciso educar, conscientizar e mobilizar a sociedade. É preciso fortalecer as redes de proteção e acolhimento às vítimas. É preciso, acima de tudo, acreditar que juntos podemos construir um mundo mais justo e humano.
“Tráfico de pessoas existe! Enfrentá-lo é nossa missão!” Este poderoso lema nos lembra da urgência e da responsabilidade que todos temos de combater esse crime. É um convite à renovação do compromisso com a defesa e o cuidado com a dignidade e integridade de todas as pessoas. A vida humana é preciosa e merece ser vivida em liberdade e com dignidade.
Como Missionária de Jesus Crucificado e integrante da Rede Um Grito pela Vida, a contemplação do Mistério da morte e ressurreição de Jesus me impulsiona a um movimento de ir em busca dos mais necessitados, dos pobres vulneráveis que clamam, para assumir um compromisso de esperança profética-solidária com o cuidado e a defesa da vida. Essa mística me inspira, sustenta e anima na missão de enfrentamento ao tráfico humano.
Diante dessa realidade, somos convidados e convidadas a nos colocar diante do Senhor, na esperança e na confiança de que Ele nos ajudará a acender as luzes necessárias para nossa missão de cuidar e proteger a vida.
Que a esperança seja nossa força motriz nessa jornada. Que a compaixão seja nossa guia. E que a fé nos inspire a continuar lutando até que o tráfico de pessoas seja erradicado de nossa sociedade.