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20 DE JUNHO – DIA MUNDIAL DO REFUGIADO

SOLIDARIEDADE COM OS REFUGIADOS E UM FUTURO COM INCLUSÃO

O Dia Mundial do Refugiado é comemorado todo ano em 20 de junho. Esta data comemora a força e a coragem dos refugiados ao redor do mundo, que foram forçados a fugir de suas casas devido a conflitos armados, perseguição ou violência.

O principal objetivo do Dia Mundial do Refugiado é aumentar a conscientização global sobre a situação dos refugiados e promover solidariedade e apoio internacional.

O Dia Mundial do Refugiado é uma data crucial para lembrar a vulnerabilidade dos refugiados e a necessidade de uma resposta humanitária eficaz e sustentável; Este é o testemunho das nossas irmãs em Moçambique, com a sua proximidade e solidariedade com os refugiados naquele país.

Nós, enquanto MJC presentes em Nampula, Moçambique buscamos desde 2020 ser presença e escuta no Campo de Refugiados de Marratane, situado na Província mais populosa ao norte de Moçambique. Anteriormente fazíamos uma presença esporádica através das Celebrações, da presença religiosa e missionária junto a algumas famílias, vocacionadas e formações.. Em 2021 essa presença se tornou gesto de solidariedade e apoio Aos poucos fomos buscando construir um caminho de proximidade, de escuta amorosa e de consolação junto aos Refugiados assistidos pela ACNUR/INAR – Agência da ONU para os refugiados e governação local, abrindo assim um chão de missão junto aos povos refugiados. Marratane é uma mistura de nacionalidades, povos e etnias, incluindo os macuas que já residiam naquela realidade. Anteriormente se tratava de um leprosário, mais tarde o Governo utiliza esse espaço para criar um local de abrigo seguro para refugiados, em sua maioria congoleses, burundianos, tanzanianos, somalis, ruandeses e etíopes. Vindo de realidades de conflitos étnicos, perseguições, seca, fome, governos tirânicos que matam e perseguem seus opositores, escutamos histórias das mais absurdas violências e violações de corpos e dignidade. Buscamos colaborar através da mediação de conflitos, das visitas, do apoio na questão documental, na busca de ser uma presença para além da obrigação, no conscientizar as famílias a acolher mulheres violadas que engravidaram de seus algozes e que são duplamente feridas porque não aceitas entre os seus por trazerem “frutos dos inimigos”. Crianças marcadas por esses estigmas – mulheres que tomaram a dura decisão de deixar morrer esses “frutos” e vivem atormentadas com suas consciências. Escutando os clamores: sonhos, dores e interrupções marcam a trajetória dos que foram forçados a sair – incertezas, abandono e solidão. Não somos agências de governo – elas existem e fazem o seu trabalho. Nós somos o rosto da Igreja enlameada e misericordiosa no acolher das muitas formas de fomes e necessidades desse povo. Na escuta amorosa somos também impotentes diante de tantas dores e relatos. O campo de Refugiados de Marratane dista 30 km da cidade de Nampula, a maior cidade do norte de Moçambique. Atualmente atendendo uma gama de 6500 refugiados Em 2011 chegaram a primeira leva de refugiados que vinham fugindo da grande seca. Em 2015 a guerra do Congo, conflitos em Burundi fez outro movimento de ocupação. Mais tarde esses movimentos migratórios se intensificam de forma sazonal, onde se registram dezenas de refugiados a cada tempo. Hoje o Campo de Marratane sofre com o corte de verbas, a falta de apoio, as diversas tragédias naturais como os últimos ciclones que atingiram o norte de Moçambique e destruiu bens, prédios públicos, escolas, centros comunitários, dentre outros.

De cá vamos buscando fazer acreditar. Na escuta de cada um o sonho recorrente: refazer a vida, dignidade, fixar-se, somos tantos e diversos, muitos lamentos pelo que ficou, uma vontade de ser acolhido. Relatos de dor, de sofrimento, de violências marcam a face e o tom de uma vida. Ouvindo uma jovem ela dizia: “meu sonho é ver minha mãe feliz, ela está sempre triste!” Outro conta: Saí do Congo com 80 kg e cheguei em Moçambique com 32 kg, éramos 9 ao sair e após cruzar 04 países só chegamos 3” – são violências tantas e diversas que a nós- nos resta em nossa impotência, humildemente suplicar a Deus!

Atualmente, com um projeto de nutrição infantil atendendo 280 crianças e mais de 3000 refugiados realocados, bem como através de um trabalho sério de escuta estamos procurando percorrer caminhos de inclusão, de proximidade e de Reino.