Neste dia 14 de julho, a Igreja celebra a memória de São Camilo de Lellis, patrono dos enfermos e dos profissionais da saúde. Sua vida exemplar, dedicada ao cuidado dos doentes, serve como inspiração para todos aqueles que se dedicam a aliviar o sofrimento humano.
Falar de saúde é lembrar do estado completo de bem-estar físico, mental e social. Não se trata apenas da ausência de doenças, mas também do bem-estar em vários aspectos da vida. Cuidar da própria saúde contribui para uma vida em plenitude, mais feliz e duradoura, e com simples cuidados é possível evitar grandes problemas futuros.
Inseridas na realidade missionária do continente africano, particularmente em Moçambique, na província de Nampula, no norte do país, as Missionárias de Jesus Crucificado constatam importantes fatores, incluindo a negligência com a sanidade física e mental da população. Sentindo a dor do abandono de um povo que, por décadas, foi explorado como colônia e, posteriormente, experimentou uma “libertação” gradual, acompanhado por uma guerra fratricida que ceifou milhões de vidas inocentes e indefesas, deixando um rastro de abandono e falta de perspectivas nos campos da educação, trabalho e saúde pública.
O sistema de saúde é caótico, com falta de infraestrutura, recursos e profissionais qualificados. Quando as pessoas necessitam de cuidados médicos, o tratamento é desumano. Nos hospitais, muitas vezes, há três a quatro pessoas por leito, sem contar a falta de higiene. A medicação raramente é fornecida aos pacientes e, quando disponível, muitas vezes é vendida dentro do hospital por enfermeiros, técnicos, médicos e outros. Além disso, para serem atendidas, as pessoas precisam oferecer dinheiro (mussuruco). Sem alternativas, as mulheres que acompanham seus familiares precisam oferecer outras formas de pagamento. Isso é estarrecedor!
No desespero, as pessoas recorrem às Congregações pedindo socorro. Diante dessa realidade desafiadora e da procura na Casa das Missionárias de Jesus Crucificado que atuam nessa região, elas decidiram colaborar com a saúde através das plantas medicinais, como meio de socorrer em pequenos casos: gripe, asma, sarna, borbulhas e problemas de pele, anemias e problemas ginecológicos. Com as plantas, as irmãs fazem remédios fitoterápicos que auxiliam no tratamento. Essa iniciativa, embora não substitua a necessidade de um sistema de saúde adequado, oferece um alívio significativo para o sofrimento das pessoas. A procura é grande e, às vezes, é impossível atender a todos. O objetivo das missionárias não é fazer tudo, mas formar grupos para capacitar as comunidades para que elas mesmas possam cuidar de sua saúde, utilizando os recursos naturais disponíveis, transformando-os em remédios e promovendo hábitos saudáveis.
A experiência tem sido boa, apesar de muito desgastante, pois as irmãs se sentem pequenas diante de situações complexas que chegam até elas. Há casos em que as missionárias não tem como ajudar ou para onde encaminhar, o que dói. Isso revela as poucas condições e a impotência diante da realidade, o que é chocante!
Como Missionárias de Jesus Crucificado, presentes nesta realidade como semeadoras da paz e da esperança, as Irmãs acreditam que Deus sempre dará força para seguirem adiante, oferecendo uma palavra de encorajamento, mesmo diante do caos. É por causa do Evangelho e do seguimento de Jesus que as irmãs proporcionam a esse povo um pouco da experiência que possuem, buscando minimizar os males e oferecer o mínimo do que tanto necessitam.
“Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” Jo 10,10.
Ir. Maria José Xavier da Costa, mjc