A característica fundamental da nossa vocação missionária é a itinerância; é sair, e sair supõe desestabilizar-se, não só geograficamente, mas sobretudo abrindo mão das comodidades, costumes, comida, língua, música e dança e até mesmo dos valores que defendemos toda a vida, dos familiares e amigos, do clima ao qual nascemos e que de certa forma moldou até mesmo o nosso organismo.
Essa itinerância missionária encontra sua fonte na mística do Evangelho, que nos motiva a sair. Vamos porque descobrimos que, em algum lugar do mundo, existem pessoas necessitadas de nossa presença e solidariedade. Ao chegarmos, não fazemos comparações, porque o importante é estarmos e vivermos com o novo povo que escolhemos para ser uma presença profética.
Na vocação missionária, o centro não é a curiosidade do viajante que vai, mas sim a entrega de quem chega para ficar. É essencial chegarmos sem prepotência, valorizando a terra que nos acolhe. Lutar junto, contra as injustiças e opressões que afligem o povo, com a mesma força que dedicaríamos à nossa própria terra, porque descobrimos que o Evangelho transcende fronteiras geográficas.
A itinerância é o caminho para a interculturalidade missionária. O missionário itinerante parte cada vez que a missão o chama para sair, que o grito da realidade o convoca. Sua partida não se dá pela impossibilidade de permanecer, mas porque em algum lugar a dor de um povo se faz sua.
Ir. Zélia Gomes, MJC