Neste último domingo de agosto, dedicado às vocações leigas, a Igreja Católica celebra a riqueza da diversidade do chamado que Deus faz a cada um de nós. O tema meditado este ano, “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9, 38), nos convidam a refletir sobre o nosso papel na construção do Reino de Deus. Como leiga, sinto a alegria de fazer parte dessa sinfonia, onde cada voz contribui para a harmonia da Igreja.
Desde a infância, quando fiz minha primeira comunhão, senti um chamado especial à evangelização e então comecei a leitura da Bíblia e da vida dos santos. A partir de então, fiquei encantada pelas histórias e testemunhos do amor dos santos por Cristo e pelos mais necessitados. Isso fez com que eu me inspirasse a buscar formas de levar a Boa Nova para além dos muros da Igreja.
Minha jornada evangelizadora iniciou de forma simples. Tudo começou através da Liturgia da Palavra, que me despertou para a beleza do Evangelho quando eu tinha apenas nove anos. Com o passar do tempo, fui descobrindo novos talentos e possibilidades de servir. À medida que a tecnologia avançava, comecei a compartilhar mensagens de fé nas redes sociais, cantando músicas e escrevendo poesias, participando de grupos de oração e oferecendo meu tempo para atividades na comunidade.
Através do uso das mídias sociais, pude enxergar o rosto de Cristo em tantos outros rostos e levar a Palavra de Deus para além das fronteiras geográficas. A criação de conteúdos com reflexões sobre a vida cristã fez com que eu me conectasse com pessoas que também buscavam um sentido mais profundo para suas vidas. E foi a partir daí que encontrei grandes mestres(as) evangelizadores(as) que me guiaram na fé e fizeram com que eu me apaixonasse cada vez mais por Jesus: Dom André Vital, scj com seus ensinamentos sobre Bíblia, vivência comunitária e o sentido de ser Igreja; Pe. Zezinho, scj, Pe. José Weber, svd e Zé Vicente com suas canções e orações inspiradoras; o compositor Antônio Cardoso que fez a minha ponte profética com a Verbo Filmes, da qual me sinto filha e fruto; o Monge Marcelo Barros que diariamente me inspira com palavras de libertação, gentileza, mística, ecumenismo e amor; o músico e cineasta Pe. Cireneu Kuhn, svd, que me ensina a comunicar a fé e o cuidado com a Casa Comum com serenidade, profundidade e assertividade e as Missionárias de Jesus Crucificado que me ajudam a abraçar a missão de estar em constante saída e comunhão com os mais necessitados.
Também não poderia deixar de citar tantos outros nomes de religiosos(as) e leigos(as) que conheci e me inspiraram ao longo da caminhada: Pr. Marcos Barros, Pe. Lukasz Herkt, svd, Ir. Henrique Peregrino da Trindade, Ir. Paulo Eugênio, svd, Pe. Júlio Lancellotti, Ir. Neusa Fernandes, fsp, Ir. Nelson Pires, svd, Pe. Tomasz Gwiazda, svd, Prof. Randolfo Guimarães, Pe. Edênio Valle, svd, Simone Agrelli, Pe. Arlindo Dias, svd, Ir. Zélia Cordeiro, SSpS, Frt. Ramon Bertoldo, scj, Pe. Danilo Mafficini, svd, Geovânia Lopes, Ir. Jacó Cavalcante, scj, Pe. Pedro Hanaoka, svd, Pe. Assis Tavares, CSSp, Pe. Dagnaldo Alexandre, scj. A cada um(a) deles(as), devo gratidão por seus ensinamentos e exemplos de vida.
As vocações leigas são fundamentais para a vida da Igreja. Somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo, levando o amor de Cristo para todos os ambientes. Nossa missão é evangelizar com nossas palavras, ações e testemunho de vida; não precisamos ser teólogos(as) ou biblistas para isso.
A Igreja é como uma grande orquestra, onde cada instrumento tem sua importância. Os padres, religiosos e religiosas são os maestros, conduzindo a comunidade para a santidade. Nós, leigos e leigas, somos os músicos, cada um com seu talento e sua melodia única. Juntos, formamos uma sinfonia que glorifica a Deus e revela o Corpo de Cristo na Criação e em cada ser humano, especialmente naqueles que estão à margem e sofrem todo tipo de discriminação.
Neste dia especial, convido todos os leigos e leigas a refletirem sobre o seu próprio chamado. Como você pode utilizar seus dons e talentos a serviço do Reino de Deus?
Que possamos responder ao chamado do Senhor da messe, colocando nossos dons e capacidades a serviço da evangelização, apesar dos desafios (que não são poucos). Juntos, podemos construir uma Igreja mais missionária e um mundo mais justo, humano e próximo de Deus.
Ser leigo(a) é uma vocação sublime! É a oportunidade de viver o Evangelho no dia-a-dia, transformando o mundo à nossa volta a partir de nossas famílias e comunidades. Que Nossa Senhora, Mãe da Igreja, interceda para que possamos dizer “sim” com generosidade ao chamado de Deus.
Artigo escrito por Cynthia Santos, leiga da Arquidiocese de Olinda e Recife, graduada em Direito, estudante de Jornalismo e Marketing Digital, Social Media